Monday, August 28, 2006

Para mim, Paraty

Entrouxem no rabo essa literatura,
Essa festa de milhões que não vale nada.
Tenho os bagos seguros a essa distância,
Toda essa merda tem a marca da falcatrua.
O verso que procuro está em outra estrada,
Vive comigo e não precisa de esperança.

A alma quixotesca que aí faz alta sala,
Aqui já foi digerida e cagada pelo Sancho Pança.
Senhores da Razão, a poesia não há o que se diga,
É talvez ainda o único motivo para que a fala
Nos leve a um lugar comum que não fuja da briga
E a vida não nos dê uma baita dor de barriga.

Para mim, Paraty, não envie convite e nem benesses,
Odeio cidadezinhas bucólicas e aprazíveis,
O cheiro de gasolina exala de minhas axilas.
A mim importa mais a chiadeira dos “ésses”,
Das máquinas em onomatopéias irreconhecíveis,
Mixadas aos gases que dilatam minhas pupilas!

Para mim, Paraty, esse afluxo de milhares de inocentes,
Que vão mijar, defecar e achar que estão vivos,
Engajados, conscientes, inteligentes e participativos,
Não passa de um turismo barato para decadentes.
A poesia não precisa disso para andar em tuas ruas,
Quer apenas a elegância rítmica de nossas almas nuas.

Olhe para mim, Paraty, para todos que escrevem
Nos guardanapos sujos e ensebados de bares fedorentos,
E andam com uma idéia louca pendurada no olho.
Esses poetas que nunca fazem o que devem
Para a lógica dos que dividem o mundo em dividendos,
Esses poetas, Paraty, nesta festa só vão te dar bolo!

Comedor de Ranho

5 Comments:

At 8/28/2006, Anonymous Anonymous said...

Já me falaram várias vezes para visitar seu blog, mas sempre acontecia alguma coisa que me fazia esquecer. Hoje de manhã dei uma geral por aqui e quero dizer que fiquei de boca aberta. Tua poesia é forte como poucas no Brasil. Parabéns e considere-me um freqüentador assíduo a partir de agora.

Marcelo Vianna

 
At 8/28/2006, Anonymous Anonymous said...

ahahahahahah
dor de cotovelo é foda!

 
At 8/28/2006, Anonymous Anonymous said...

Só se for tua ou da tua mãe, idiota. Concordo em gênero, número e grau com o comedor de ranho. Tem é que acabar com aquela merda.

Alberto Bueiro

 
At 8/28/2006, Blogger polacodabarreirinha said...

Vc tem razão, anônimo, dói do cotovelo até o cu peludo. Dói saber que tem gente como você solta neste mundão. Mas não se preocupe comigo, eu é que não quero estar na sua pele quando
a poesia der um pulo em sua alma.

 
At 8/28/2006, Blogger suzana cano said...

adorei. saudades.

 

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